A POESIA MODERNA NO BRASIL
LITERATURA BRASILEIRA
GRUPOS DA POESIA
A Poesia Moderna no Brasil
Na década de 1930 a poesia moderna brasileira consolida-se. As ousadias, por vezes excessivas, da geração de 1922 vão se abrandando. O resultado é o nascimento de uma lírica pujante, elaborada por um excepcional conjunto de criadores. Poucos países do mundo podem se orgulhar de possuir um grupo tão expressivo quanto este. A legítima idade de ouro do gênero poético, no país, ocorre em mais ou menos cinqüenta anos, até a década de 80, - quando morre Drummond e João Cabral se aposenta - fechando um ciclo de incomum grandeza. Didaticamente, podemos dividir estas brilhantes vozes poéticas em duas linhas:
- a) O grupo da tradição lírica: Resulta da síntese entre as inovações modernistas e o melhor da poesia ocidental do passado, fundindo a linguagem renovadora com temas clássicos e universais. Predomina a subjetividade e reafirma-se o velho poder da inspiração, nos moldes românticos. Seu maior expoente é Manuel Bandeira, mas enquadram-se neste bloco Cecília Meireles, Vinícius de Moraes e Mário Quintana.
- b) O grupo da modernidade radical: Estrutura-se em oposição ao confessionalismo e ao subjetivismo da poesia tradicional, mesmo aquela produzida por autores contemporâneos. O mundo torna-se mais importante do que o eu-lírico. Há uma grande desconfiança a respeito das possibilidades comunicativas da linguagem e rejeita-se a inspiração, privilegiando-se a técnica e a carpintaria poética. O nome principal é o de Carlos Drummond de Andrade. Outros representantes seriam Murilo Mendes, João Cabral de Mello Neto e os concretistas de São Paulo.
Não é errado falar também um grupo (ou subgrupo) que opta pela poesia engajada. Este tipo especial de lírica origina-se dos compromissos sociais, políticos e religiosos dos escritores, para quem a arte se identifica com a manifestação de princípios nacionalistas, católicos ou marxistas. Geralmente correspondem à fases transitórias dos poetas, como a do socialismo de Drummond, a da religiosidade popular de Jorge de Lima, ou a do catolicismo conservador de Vinícius de Moraes, no início de carreira, etc. Do ponto de vista da linguagem, seus adeptos fogem do experimentalismo e buscam um estilo mais convencional, e por vezes discursivo. Mais próximos de nós, encontramos, nesta vertente engajada, boa parte das obras de Ferreira Gullar e Afonso Romano de Sant´Anna
PRINCIPAIS POETAS
PRINCIPAIS POETAS
MANUEL BANDEIRA (1886-1968)
Vida: Nasceu no Recife, filho de uma fam�lia olig�rquica. Come�ou a fazer o curso de engenharia, em S�o Paulo, mas a tuberculose o impediu de concluir a faculdade. Buscando a cura, esteve um ano na Su��a, onde efetivamente eliminou a doen�a. Voltando para o Brasil, tornou-se inspetor de ensino e, depois, professor de Literatura na Universidade do Brasil.
Obras principais: Cinza das horas (1917); Carnaval (1919); Ritmo dissoluto (1924); Libertinagem (1930); Estrela da manh� (1936); Lira dos cinquent'anos (1948); Estrela da tarde (1963)
A poesia de Manuel Bandeira - eliminados os res�duos simbolistas e parnasianos de Cinza das horas e Carnaval - enquadrando-se na vertente mais cl�ssica do esp�rito modernista, aquela em que se processa uma fus�o entre a confiss�o pessoal e a vida cotidiana. Em Bandeira predomina com algumas insist�ncia o lirismo do EU, mas o cotidiano jamais desaparece dos textos, numa s�ntese feliz entre subjetividade e objetividade. Isto se d� porque uma rela��o dial�tica estabelece-se entre ambos.
MÁRIO QUINTANA (1906 - 1994)
Vida: Nasceu em Alegrete, tradicional cidade oligárquica da campanha rio-grandense, filho de uma família de classe média. Com treze anos ingressou no Colégio Militar de Porto Alegre. Em 1924, abandonou os estudos e após curto retorno a Alegrete, onde trabalharia na farmácia do pai, fixou-se definitivamente na capital gaúcha. Durante muitos anos entregou-se à vida boêmia, então muito intensa na cidade. Tornou-se tradutor da Editora do Globo, vertendo para o nosso idioma Proust, Conrad, Maupassant, Verlaine e Aldous Huxley, entre outros clássicos. Também colaborou permanentemente com a imprensa. Apesar da consagração nacional que o cercou na velhice e das dezenas de títulos honoríficos que recebeu, morreu em extrema pobreza no ano de 1994.
Obras principais: Rua dos cataventos (1940); Canções (1946); Sapato florido (1948); O aprendiz de feiticeiro (1950); Espelho mágico (1951); Poesias (1962); Do caderno H (1973); Apontamentos de história sobrenatural (1976); A vaca e o hipogrifo (1977); Esconderijos do tempo (1880); Baú de espantos (1986); Velório sem defunto (1990).