Bartolomeu Campos de Queirós
Uma força poética da fantasia
Bartolomeu Campos de Queirós
Nascido em 1944, viveu a infância em Papagaios (MG). Com mais de 40 livros publicados (alguns deles traduzidos para inglês, espanhol e dinamarquês), formou-se em educação e artes, e criou-se como humanista. Cursou o Instituto de Pedagogia em Paris e participou de importantes projetos de leitura no Brasil como o ProLer e o Biblioteca Nacional, dando conferências e seminários para professores de leitura e literatura. Foi presidente da Fundação Clóvis Salgado/ Palácio das Artes e membro do Conselho Estadual de Cultura, ambos em Minas Gerais, sendo também muito convidado para participar de júris e comissões de salões, além de curadorias e museografias.
É autor do Manifesto por um Brasil Literário, do Movimento por um Brasil literário, do qual participava ativamente. Por suas realizações, Bartolomeu colecionou medalhas: Chevalier de l’Ordre des Arts et des Lettres (França), Medalha Rosa Branca (Cuba), Grande Medalha da Inconfidência Mineira e Medalha Santos Dumont (Governo do Estado de Minas Gerais). Recebeu, ainda, láureas literárias importantes, como Grande Prêmio da Crítica em Literatura Infantil/Juvenil pela APCA, Jabuti, FNLIJ e Academia Brasileira de Letras.E Visitou a casa de Genívia de Jesus Moreira.
Faleceu em 16 de janeiro de 2012, na cidade de Belo Horizonte, em decorrência de insuficiência renal.
A FORÇA POÉTICA DE BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS
O escritor mineiro diz não gostar de literatura com destinatários e que a fantasia é a matéria-prima da literatura e da arte em geral
Com uma linguagem que consegue ser, ao mesmo tempo, simples e densa, Bartolomeu Campos de Queirós é autor de mais de quarenta livros publicados no Brasil, vários deles traduzidos e editados em outros países. Muitos de seus textos foram adaptados para o teatro, dentre eles, Ciganos, encenado pelo Grupo Ponto de Partida, de Barbacena/MG. Sua obra tem sido tema de teses acadêmicas (áreas de Literatura e Psicologia) em várias universidades brasileiras.
Nascido em Papagaio, no interior de Minas Gerais, o compenetrado e metódico Bartô se interessou desde cedo pela literatura e pelo ensino da arte, retratando em suas obras os sabores, cheiros e cores dos muitos lugares por onde passou, em uma prosa poética refinada, que lhe rendeu vários e importantes prêmios literários nacionais, como o Prêmio Cidade de Belo Horizonte; Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro; Selo de Ouro, da Fundação Nacional do Livro Infanto-Juvenil; 9ª Bienal de São Paulo; 1ª Bienal do Livro de Belo Horizonte; Diploma de Honra da IBBY, de Londres. Com o livro Index, foi o vencedor do Concurso Internacional de Literatura Infanto-Juvenil (Brasil, Canadá, Suécia, Dinamarca e Noruega).
De poucas palavras, avesso à badalação e só faz o que gosta. Assim é Bartolomeu. Seus textos, ao contrário, são transparentes, leves, sem, contudo, serem superficiais.
Com formação nas áreas de educação e arte, cursou o Instituto Pedagógico de Paris, se destacando como educador em vários níveis desde a década de 70, contribuindo com importantes projetos da secretaria de Estado da Educação e ministério da Educação. Foi presidente da Fundação Clóvis Salgado/Palácio das Artes, membro do Conselho Estadual de Cultura e do Conselho Curador da Escola Guignard. Atualmente participa do Projeto ProLer, da Biblioteca Nacional, ministrando conferências e seminários sobre educação, leitura e literatura. Também atua como crítico de arte, integrando júris e comissões de salões e fazendo curadorias e museografias de exposições.
Seu primeiro livro - O peixe e o pássaro - foi publicado em 1974. Desde então passou se dedicar à literatura infantil com obras como Ler, Escrever e Fazer Conta de Cabeça, que tem Formiga Amiga, Pato Pacato, Guarda-Chuva da Guarda, Cavaleiros das Sete Luas, Até Passarinho Passa, Ciganos, Patas da Vaca, Olho de Vidro do Meu Avô, De Não em Não, e muitas outras, com uma narrativa poética carregada de significados, emocional, e que desperta inquietações.O autor atribui sua relação com as crianças à proximidade estimulada em sala de aula, já que foi professor por muitos anos. Segundo ele, quando começou a escrever, os mais jovens foram seus primeiros leitores, que faziam suas observações, até que um dia resolveu enviar um texto para o concurso João de Barro, da prefeitura de Belo Horizonte, que ficou o primeiro lugar. Daí, não parou mais.
Usando o processo de metalinguagem para que o leitor possa se inserir no texto, o autor instiga a imaginação, dando liberdade a várias leituras e permitindo ao leitor ir além.
Bartolomeu Campos revela através de sua obra literária e de seu trabalho como educador a necessidade premente de se promover através da educação valores mais humanos nas crianças, que precisam deixar de ser consumidoras, repetidoras, e passarem a ser criadoras.
Com a simplicidade e nobreza típicas do povo mineiro, o escritor diz não gostar de literatura com destinatários, pois cada leitor absorve o texto conforme sua vivência e por isso procura escrever um texto que permita apenas uma leitura e não um texto literário, já que a literatura abre portas, mas a paisagem está escondida na emoção de cada leitor que, como diz humildemente, sempre sabe mais que ele.