Hands in Hands TTLA learning diary
5th TTLA Short-term students exchange in Kayseri (Turkey)
By Lara Almeida
Dia 1 (08/04/2018)
Chegou o dia! Acordar à 00:30 para partir à 01:00 em direção ao Porto foi fácil, mas deitar cedo?-Nã…
Entrámos na carrinha todos, ensonados e, assim, fomos até ao Porto. Lá embarcamos às 05:00 no avião da KML. O avião deu-nos pequeno almoço, pãozinho um pouco torrado com omolete, salsichas e ketchup por dentro e, claro, café, esfomeada, estava bastante apetitoso.
Já mais despertos e com o estômago aconchegado fizemos uma boa viajem de 2h40min até Amesterdão, onde tivemos uma longa espera no aeroporto antes de embarcar em direção a Istambul, mas, enfim, foi bom passar 3h em terras holandeses, num aeroporto muito bonito.
E, mais 3h se passaram, comemos massa com molho de tomate, pimentos e queijo, proporcionada pelo avião.
Finalmente, mais 5h se passaram no enorme aeroporto de Istambul, onde encontrámos os parceiros polacos. Foi uma espera interminável, mas lá acabou por valer a pena e embarcámos para Kayseri.
E, chegámos à tão ansiada parte deste dia, encontrarmo-nos com a família que nos acolheria ou reencontra-me, no meu caso, com a minha parceira e conhecer a família.
Foi uma receção calorosa, não podia acreditar, os pais e a minha parceira, a Buse, abraçaram-me com um sorriso rasgado e estavam muito entusiasmados.
Em casa, a Buse disponibilizou-me o quarto dela, foram realmente muito amáveis. Na Turquia, existe o hábito de se descalçar antes de entrar em casa, existiam em minha casa duas casas de banho e à diferença de Portugal, numa delas existia lavatório e a sanita era das antigas (um buraco no chão), na outra casa de banho existia uma sanita normal e não havia banheira, mas sim um balde, o chuveiro e um buraco no chão ao lado, mas o chão não era inclinado para escorrer a água para lá. Nunca cheguei a perceber muito bem como se tomava banho ali, mas foi uma experiência interessante.
Chegada ao aeroporto de Kayseri
No aeroporto
A família de acolhimento
Dia 2 (09/04/2018)
Ouço às 5 da manhã uma música na rua, era o som tocado cinco vezes ao dia para as pessoas adorarem Ala. Lá voltei a adormecer e às 6 da manhã (hora local; em Portugal, 4h) já estava desperta.
A mãe da Buse preparou-nos um pequeno almoço turco, composto por ovos com salsichas, queijos, azeitonas, um doce com cerejas e pão.
Na escola eram todos muito simpáticos e fui reparando ao longo dos dias que estavam sempre bem dispostos e unidos, não havendo conflitos entre eles e tentavam sempre incluir-nos em todas as suas atividades.
Após um breve intervalo, fomos aprender a típica dança turca de Erik Dalı, foi bastante divertido.
Logo de seguida, jogámos um jogo de matemática e a seguir fomos para outra escola, onde são lecionadas muitas aulas de inglês, pois dão muita importância à sua aprendizagem.
No anfiteatro, assistimos a músicas turcas tocadas por alunos com um instrumento muito usado na Turquia, que se assemelha a uma guitarra, dançaram a música de Erik Dalı e vimos uma peça de teatro da Branca de Neve, mas numa versão mais moderna. Depois de algumas gargalhadas devido a esta peça, fomos almoçar à cantina e, de seguida, fomos visitar Talas, uma cidade com mais de mil anos, onde entramos numa antiga igreja cristã que tinha sido transformada numa mesquita, tivemos de nos descalçar à entrada e as mulheres tiveram de pôr um lenço na cabeça. Visitámos um antigo colégio americano com muitos andares, que hoje em dia, é apenas um local onde os estudantes podem ficar hospedados. Parámos num café onde ouvimos um senhor a tocar músicas turcas com um instrumento de sopro.
Enquanto chovia, regressámos a casa.
Depois de jantar, a minha família levou-me a um local onde se podia ver toda a cidade de Talas pela noite, adorei aquela vista, a cidade era enorme e iluminada. Passámos pelo supermercado, onde comprei chá e café turco.
Dia 3 (10/0472018)
Mais um dia a acordar cedo, mas bastante ansiosa.
De manhã, fizemos algumas atividades, entre elas, estivémos com alunos com necessidades especiais que tentavam ser rápidos em fazer cálculos de matemática, jogámos a um jogo no qual não podíamos deixar cair um objeto ao deslocarmo-nos para a direita ou para a esquerda (stick game), fomos filmados com um drone enquanto segurávamos uma das bandeiras dos países parceiros, desenhando a expressão Hands In Hands. Por fim tentámos, com alguns materiais, construir um paraquedas para proteger um ovo que foi atirado pela janela, alguns partiram-se outros não.
À tarde fomos à montanha Erciyes e almoçámos num restaurante onde comemos comida turca e bebemos Iron e por fim, como é típico, bebemos chá.
Começou a chover e dirigimo-nos para as montanhas que já conseguíamos avistar ao longe, eram lindas. Bastante entusiasmada entrei no teleférico e consegui observar a bela paisagem.
Com sorte, estava a nevar e ainda pudemos brincar um bocado na neve, não estava tanto frio como pensava nesta segunda montanha mais alta da Turquia.
Durante o regresso, visitámos um belo jardim, onde havia um grande café, cavalos e um local de equitação, onde andei pela primeira vez a cavalo.
Regressei a casa e descansei um pouco, enquanto organizava tanta fotografia tirada e punha a conversa em dia com a gente portuguesa.
Após um delicioso jantar constituído por uma sopa de alho, tomate e pimenta, umas massas muito típicas na Turquia, arroz e carne estufada, apanhámos o elétrico e fomos todos, os do grupo de Erasmus, ao shopping onde jogámos bowlling por 12 liras turcas (2,40 euros).
Já muito cansada regressei a casa e fui dormir.
Dia 4 (11/04/2018)
Felizmente, hoje acordei às 7h, preparámo-nos e apanhámos o autocarro na escola às 8h e fomos em direção à Capadócia. Pelo caminho, um guia que nos acompanhou durante todo o dia, foi-nos informando sobre o que íamos vendo, falou-nos, por exemplo, de mesquitas, de um castelo, uma escola militar, algumas paisagens e percebi que Kayseri tem muitas fábricas. Achei curioso pelo caminho ver um avião que, por dentro, tinha sido transformado num restaurante.
Ao chegarmos, fomos perceber como um artesão, que nos mostrou a fazer uma peça, moldava barro. No final, claro que quis experimentar moldar barro. Foi incrível, a suavidade do barro e a sensação relaxante de o moldar foram ótimas.
Depois dirigimo-nos ao museu do barro, onde haviam peças perfeitas, coloridas e interessantes. O mais surpreendente foi a enorme sala onde as mulheres podiam deixar uma amostra de cabelo e depois eram contactadas pelo museu, esta sala estava cheia de amostras de cabelos em todas as paredes, um cenário um pouco “creepy”.
A seguir, caminhámos ao lado de uma bela paisagem com um rio e uma ponte com alguns cadeados, demos pão aos patos e fomos até ao Han Restaurant almoçar. Este era buffet e adorei experimentar comida turca e os doces, que também eram super apetitosos.
Finalmente, começou a nossa visita pelas enormes formações geológicas da Capadócia. Subimos grandes montes de rochas, conhecemos mesquitas, paredes com belos frescos, um deles tinha o aspeto de uma bela tapeçaria. Tive a oportunidade de ver camelos onde as pessoas podiam passear e várias lojas de recordações com coisinhas típicas daquele local.
Continuou a nossa viagem e fomos ver um castelo onde subimos 250 escadas, mas valeu a pena pois lá conseguimos ver toda a cidade.
Regressámos ao autocarro e, enquanto os professores foram visitar uma casa de vinhos, nós permanecemos no autocarro.
A verdade é que, apesar de cansados, os turcos estavam sempre bem dispostos.
De volta a Kayseri, regressámos a casa com as nossas famílias e tive a oportunidade de provar pepino e pimento recheados com arroz e outros ingredientes.
E mais um dia se passou.
Dia 5 (12/04/2018)
Pela manhã, na escola, tivemos uma atividade onde competiam para tentar ser os primeiros a acabar. Neste jogo havia três mesas e tínhamos de colocar ângulos no local certo, fazer algumas simetrias e construções com blocos. Apesar da competição ficamos contentes com os vencedores. Adorei o espírito de ajuda e humildade que se via uns com os outros.
Acabámos por ter muito tempo de intervalo para petiscar qualquer coisa e dar à língua.
A próxima atividade envolvia crianças com necessidades especiais, em que nos mostraram um jogo que consistia em tocar nas partes do corpo que eram ditas (em inglês) e apanhar uma bola quando fosse dita a palavra “ball”. A perspicácia de alguns alunos surpreendeu-me e pudemos levar felicidade a estas crianças que se empenharam em mostrar-nos o seu jogo. No final, também nós e professores experimentámos o jogo.
“Next activity”... trabalhar com materiais recicláveis. Cada grupo fez um trabalho diferente, difícil escolher o mais engraçado. Estas atividades permitem-nos desenvolver a nossa capacidade de entreajuda, de habilidade usando as mãos e de criatividade.
Após um pequeno intervalo, fomos ver e aprender a fazer belas pinturas utilizando uma terrina com água e tintas(que continham bílis) feitas pelo pintor. Esta arte de pintar chama-se Ebru pinturas e foram-nos mostradas ao som de Neyzen.
Almoçámos novamente num restaurante e à tarde fomos visitar a cidade.
Com algum tempo livre, nós, alunos, organizámo-nos e sem grandes confusões fomos percorrer aquele belo espaço, passámos por várias lojas e por um enorme bazar, esperando que cada um comprasse o que pretendia, fiquei contente com a capacidade de manter o grupo unido.
Rapidamente, fomos visitar o museu da ciência, "Gevher Nesibe", onde percebemos a utilidade da musicoterapia. Conhecemos os instrumentos utilizados nesta terapia, enquanto ouvíamos o som relaxante da água naquele espaço pouco iluminado.
Infelizmente, tivemos de regressar, entrámos no elétrico e fomos para casa.
Pouco depois, regressei a este local com a minha família e a melhor amiga da minha parceira. O pai dela encheu-me de prendas e de mimos, fiquei muito comovida.
Jantámos por lá umas asinhas de frango assadas num grande forno à frente do qual tirámos uma foto com caras tristes, este cenário foi de um conhecido filme na Turquia e ficou célebre tirar fotos assim.
No regresso, passámos pelo shopping e pelo supermercado para comprar alguns docinhos turcos.
E, cheia de sono, chegámos a casa e fui dormir.
Dia 6 (13/04/2018)
Nãoooo...hoje é o último dia.
Na ânsia de aproveitar bem o dia, preparei-me rapidamente, adiantei a mala e fomos para a escola, onde pela manhã, antes da música de entrada, ouvíamos música na sala e dançávamos, como fazíamos quando, por vezes, tínhamos tempo livre.
Jogámos novamente ao jogo de adivinhar a palavra com auscultadores nos ouvidos. E, depois, jogámos ao Survivor, onde através de cálculos íamos recebendo pistas até chegarmos ao fim. Correu muito bem e com grande velocidade a nossa equipa ganhou.
De seguida, com um balde e umas cordas, tínhamos, em grupo de seis pessoas, de colocar água de um balde para uma bacia sem tocar na água nem no balde, para isso tínhamos quatro minutos.
Pouco depois, fomos aprender e jogar alguns jogos tradicionais na Turquia . Começámos, então, por uma espécie de jogo do lencinho. Duas equipas, uma pessoas com um pano ao meio e tínhamos de correr até ele, ou apanhávamos o lenço e regressávamos aos nossos lugares ou apanhávamos quem o tivesse.
O próximo jogo consistia em transportar um ovo com uma colher e percorrer um determinado percurso. Apercebi-me que na Turquia os ovos são geralmente brancos.
Um jogo bem mais complicado para mim foi tentar trincar uma maçã que se encontrava suspensa com uma corda. E, o seguinte, consistia em encontrar com a boca uma amêndoa perdida numa terrina com iogurte. Por último, com baldes de água tentamos molhar-nos uns aos outros.
Já bastante encharcados fui a casa com a minha parceira mudar de roupa e, ao regressármos, entrámos no autocarro e fomos ao almocinho. Hoje, finalmente, provei o delicioso kebab turco no restaurante Harikalar Sofrasi.
Depois de um delicioso almoço, fomos conhecer um centro de ciência onde havia, por exemplo, uma cabine onde entrávamos e era sentida uma ventania muito forte, sentimos também alguns sismos ocorridos. Tínhamos pouco tempo para ver tanta coisas, por isso, muitas ficaram para trás e dirigimo-nos ao maior planetário da Turquia, onde assistimos a um curto filme sobre a origem do universo. Parecia tudo real e que, por vezes, estávamos dentro do filme.
Sempre a correr, pois o tempo era escasso, fomos jogar ao “lazer game”. Foi uma experiência única e bastante divertida.
E, voltámos para casa, vestimos rapidamente as calças pretas e a camisola vermelha com a lua e a estrela da bandeira turca para, na festa, dançarmos a Erik Dalı.
As lágrimas já começavam a apertar e, algumas, não se contiveram e lá saíram, ia ter de regressar a Portugal no dia seguinte e deixar aquela amável família e amigos.
Todos vestidos a rigor passámos bons momentos na festa. Provei deliciosas iguarias turcas, muitas delas com pimenta.
Assistimos a uma dança turca com trajes típicos e, a seguir, foi a nossa vez de dançar a Erik Dalı, na qual, no fim todos se juntaram a nós, diverti-me imenso, principalmente a dançar ao lado da minha família.
Depois de muitas fotos, sorrisos e despedidas a festa terminou. Com a minha família passei ainda por casa de uns familiares deles, também, muito bem dispostos e amáveis. O pai da minha parceira sempre muito querido com as crianças, são imagens que nunca vou esquecer.
Já em casa arrumei as malas e fui dormir.
Dia 7 (14/04/2018)
Dia da despedida... Ia ser difícil desapegar-me daquela família que me marcou muito. Toda a simplicidade, humildade, união, amizade, amor... encheram-me o coração de boas experiências.
Lá fomos para o hotel dos professores, onde apanhámos o autocarro em direção ao aeroporto, depois de muitos abraços apertados.
Mais um dia a entrar e sair de aviões e de longas esperas nos aeroportos. Felizmente, correu tudo bem e já se ouviam as familiares conversas portuguesas na viagem para o Porto. Já tinha saudades de ouvir a nossa língua e o sotaque das pessoas tagarelas que ficaram atrás de nós no avião.
Chegámos, recolhemos as bagagens e o regresso ao Sátão foi mais a dormir do que acordada.
Finalmente, chegámos e regressámos às nossas casinhas portuguesas.
Impressão global
Esta foi das melhores experiências…
Assim que vi o nome Turquia nas saídas de Erasmus fiquei logo interessada e curiosa por conhecer um país com uma cultura diferente.
Ainda foi melhor do que esperei, admirei imenso a vontade e o amor com que a minha família me acolheu durante aquela semana, sempre dispostos a fazer qualquer coisa que eu precisasse.
Apercebi-me de muitas diferenças culturais e gostei do respeito que os turcos têm uns pelos outros… Não vi conflitos entre ninguém nem inimigos, mas sim grandes amigos unidos, bem dispostos, sempre a ajudarem-se mutuamente e a incluir-nos em todas as suas atividades.
Desenvolvi uma maior capacidade para me relacionar com os outros, o meu respeito pelo outro cresceu e todas as atividades e jogos tradicionais fortaleceram os nossos laços e o contacto uns com os outros.
O mais difícil foi mesmo a despedida, mas ao mesmo tempo senti-me realizada, senti que toda a semana valeu a pena e foi bem aproveitada, pois cada momento e atividade estavam muito bem organizadas. Não existiu receio de algum ataque ocorrer, pois, afinal, não é um país tão perigoso como a maioria das pessoas pensam.
Espero poder voltar um dia à Turquia, um país tão belo e cheio de histórias, e poder voltar a ver a minha família e amigos que marcaram esta viagem.
Obrigada a todos por tornarem esta viagem uma experiência inesquecível.