Vanguardas e Semana de Arte Moderna
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Semana da Arte Moderna no Brasil (1922)
A Semana da Arte Moderna, também chamada de semana de 22, foi um evento artístico e cultural realizado em São Paulo no Teatro Municipal da cidade, em 1922, que tinha como objetivo mostrar as novas tendências artísticas que vigoravam a Europa no início do século XX.
O evento, apesar da titulação, durou apenas três dias, sendo que cada dia trabalhou uma das grandes modalidades artísticas: musica/dança, poesia/literatura e artes plásticas. No inicio, a elite brasileira não entendeu por completo a proposta do evento, mas mesmo assim, a estréia dos artistas que apresentaram suas obras naquele evento resultou na chegada do movimento cultural no Brasil, conhecido como modernismo.
A principal proposta da Semana da Arte Moderna era a ruptura com os métodos do passado na busca da renovação e de novas idéias e conceitos que davam mais liberdade aos artistas na criação de novas obras culturais e artísticas, tais como artes plásticas exibidas em telas com desenhos arrojados e primitivistas que mostravam o Brasil como ele realmente é. Os artistas se inspiraram principalmente nas vanguardas européias tendo como objetivo nas suas obras refletir o progresso e a industrialização que estava ocorrendo na época no Brasil.
Entre os artistas que participaram do evento, estavam: Mário de Andrade, Oswald de Andrade,Víctor Brecheret, Plínio Salgado, Anita Malfatti, Menotti Del Pichia, Guilherme de Almeida, Sérgio Milliet, Heitor Villa-Lobos,Tácito de Almeida e o principal idealizador do evento, o pintor Di Cavalcanti.
Poema- Ode ao Burgues de Mario de Andrade
Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,
O burguês-burguês!
A digestão bem-feita de São Paulo!
O homem-curva! o homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
É sempre um cauteloso pouco-a-pouco!
Eu insulto as aristocracias cautelosas!
Os barões lampeões! os condes Joões! os duques zurros!
Que vivem dentro de muros sem pulos;
E gemem sangue de alguns milréis fracos
Para dizerem que as filhas da senhora falam o francês
E tocam os "Printemps" com as unhas!
Eu insulto o burguês-funesto!
O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!
Fora os que algarismam os amanhãs!
Olha a vida dos nossos setembros!
Fará Sol? Choverá? Arlequinal!
Mas à chuva dos rosais
O êxtase fará sempre Sol!
Morte à gordura!
Morte às adiposidades cerebrais!
Morte ao burguês-mensal!
Ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi!
Padaria Suíça! Morte viva ao Adriano!
"- Ai, filha, que te darei pelos teus anos?
- Um colar... - Conto e quinhentos!!!
Mas nós morremos de fome!"
Come! Come-te a ti mesmo, oh! gelatina pasma!
Oh! purée de batatas morais!
Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas!
Ódio aos temperamentos regulares!
Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia!
Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados!
Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,
sempiternamente as mesmices convencionais!
De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!
Dois a dois! Primeira posição! Marcha!
Todos para a Central do meu rancor inebriante!
Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Morte ao burguês de giolhos,
cheirando religião e que não crê em Deus!
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!
Fora! Fu! Fora o bom burguês!...
Análise Crítica ao Poema
A versificação do poema não é organizada, o poema não tem um formato pré- definido como um soneto e ele tem uma quantidade diferente de versos.